Série: SOLARES
Por: Sílvio Pereira
- Relógio de Bolso solar em forma de anel;
- Fabricante: Breguet;
- Material: Bronze.
- Dimensões: Diâmetro externo 60,5mm; Diâmetro interno 43,3mm; Espessura 4mm
- Peso: 39,5gr;
- Documentação: Certificado de autenticidade e manual de instruções
- Estojo: Cartão forrado e cortiça.
- Forma de usar: como pendente.
Modo de funcionamento (última foto):
Passo 1 (figura I) Ajuste da latitude:
Deslocar a marca do anel que suporta o fio de suspensão (1) para a latitude correcta de onde se encontra o utilizador. A escala graduada da latitude (1a) encontra-se gravada na superfície do anel exterior (2). Em Lisboa o relógio deve ser ajustado para 38,50º Norte;
Passo 2 (figura II) Ajuste da data:
A data ajusta-se na ponte (3) através de uma barra deslizante preta de aço (4). Cada letra representa um dos 12 meses do ano. Para facilitar a colocação na posição correcta, cada mês está dividido em três (5): princípio, meio e fim do mês;
Passo 3 (figura III) Desdobrar o anel interior:
Girar o anel interior até aos 90º (6). Finalmente, o relógio está preparado para ser usado.
Passo 4 (figura IV) Leitura da hora:
Deve segurar-se o relógio pelo fio, colocá-lo sob incidência directa do sol e girá-lo até que um raio solar atravesse o orifício (7) da barra deslizante (4) e coincida exactamente com a ranhura existente no interior do anel interno (6). Existem duas possibilidades para girar a ponte (3): se for antes do meio dia cairá um ponto de luz sobre a parte direita do anel interno. Se for depois do meio dia marcar-se-á a hora a partir das 12. Agora pode-se observar a hora verdadeira. (Atenção: a hora local verdadeira coincide com a hora de inverno).
Atenção! Se o utilizador se encontra no hemisfério sul, o ajuste da latitude deve ser feita na escala inferior (1b)! Não deve ser feita nenhuma alteração nem ajuste da data.
Para se efectuar uma medição correcta do tempo, o anel exterior (2) deve encontar-se colocado na direcção Norte-Sul, o anel interior aberto (6) estará colocado numa posição paralela ao equador e a ponte (3) paralelo ao eixo da Terra. Este relógio solar é também uma bússula além de um modelo do mundo.
HISTÓRIA DA BREGUET
A história da marca Breguet abrange quatro séculos e é tão rica em invenções e inovações que representa uma parte essencial de toda a história da relojoaria.
Dada a quantidade de acontecimentos relevantes que marcam a história de Breguet, traçaremos o caminho desde as origens até os dias actuais.
O princípio de tudo
A marca ostenta o nome do seu fundador, Abraham-Louis Breguet, que nasceu em Neuchatel, Suíça, em 10 de janeiro de 1747.
Breguet em jovem
A cidade de Neuchâtel no Século XVIII
Anos difíceis
Os seus antepassados eram franceses e, por serem protestantes, mudaram-se para a Suíça em 1685. De facto, na sequência desta revogação do Édito de Nantes (que em 1598 pôs fim às guerras religiosas que afligiram a França durante a segunda metade do séc. XVI), ocorreu de novo uma intensa perseguição aos protestantes. Apesar da proibição de deixar o país, cerca de 400.000 protestantes - incluindo os Breguet - fogem de França pondo em risco a própria vida.
Com apenas 11 anos de idade, o seu pai Jonas-Louis faleceu. A sua mãe Suzanne-Marguerite Bollein casou-se de novo com o primo do seu ex-marido, Joseph Tattet, que vinha de uma família de relojoeiros.
Em 1762, Tattet levou Breguet para Paris, onde, entretanto, as coisas se tinham acalmado um pouco. Aí, foi aprendiz de um mestre relojoeiro de Versalhes cujo nome permanece desconhecido.
França e Suíça nas vésperas da Revolução Francesa
Após concluir os seus estudos, trabalhou para dois dos mais aclamados relojoeiros do seu tempo, Ferdinand Berthoud (1727-1807) e Jean-Antoine Lépine (1720-1814). Na mesma altura, tendo percebido que a matemática era essencial para o sucesso do seu trabalho, continuou a sua educação tendo aulas noturnas sobre esta área no Collège Mazarin, sob a orientação da abadessa Marie. Impressionada com o seu talento e inteligência, Marie teve o importante papel de apresentar Breguet à corte francesa e à aristocracia que gravitava em torno dela, tornando-se posteriormente clientes de Breguet. O nascimento da "Breguet"
Embora enfrentando um momento difícil pela perda da sua mãe, do seu padrasto e da sua mentora Marie num curto espaço de tempo, Breguet conseguiu criar a sua irmã mais nova e finalmente, em 1775, abriu o seu próprio negócio no número 39 da Quai de l'Horloge, na Ile de la Cité, nas margens do rio Sena, perto de Notre Dame. Tinha 28 anos.
A oficina de Breguet no Quai de l'Horloge, Paris em 1775
Quai de l'Horloge na actualidade
Nesse mesmo ano, casou-se com Cécile Marie-Louise L'Huillier, filha de uma família burguesa parisiense estabelecida. Muito provavelmente, parte do capital necessário para estabelecer o negócio veio do seu dote. Graças às apresentações da abadessa Marie, Breguet rapidamente começou a receber as suas primeiras encomendas da aristocracia, incluindo um relógio de corda automática para o Duque de Orleans em 1780 e outro para Maria Antonieta em 1782.
A corda automática
Os seus relógios de corda automática ou “perpétuelle” trouxeram-lhe fama considerável tanto na corte de Versalhes como em toda a Europa. Embora breguet não tenha sido o primeiro a fabricar um relógio de corda automática, a maioria dos especialistas concorda que ele produziu o primeiro relógio desse tipo que foi realmente confiável e eficaz.
Dois exemplos de relógios perpetuelle de Breguet: a massa oscilante, subia de modo que voltasse à sua posição original após cada movimento, empurrava para cima dois barriletes, parando quando as molas estivessem totalmente pressionadas
Os relógios Breguet tiveram sucesso imediato não apenas pela qualidade dos mecanismos internos, mas também pelo design. Basta pensar nos ponteiros que projetou em 1783. Feitos de ouro ou aço azulado e com os círculos furados de forma excêntrica, adicionavam uma elegância irresistível a um relógio. Tornaram-se um sucesso imediato demonstrado pelo fato de que o termo 'ponteiros Breguet' entrou de imediato no vocabulário da relojoaria.
Os ponteiros, os numerais e o guilloché Breguet
Ponteiro Breguet
Para os seus mostradores, usou placas de esmalte branco com algarismos arábicos típicos ligeiramente inclinados para a direita ou decorações guilhochê, ou seja, padrões receptivos gravados na placa do mostrador usando um torno manual. Mais do que meramente decorativo, um padrão guilloché oferecia a vantagem de suprimir o reflexo da luz nas placas metálicas do mostrador.
Numerais e ponteiros Breguet
O mostrador guilhochê de um relógio de bolso Breguet - 1786
O nº 160 Marie Antoinette
Em 1783 Breguet recebeu uma encomenda, através de um membro da Guarda de Maria Antonieta, para um relógio especial que teve de ser criado como sendo um presente para a rainha, uma das admiradoras mais entusiastas dos seus relógios. O relógio tinha que incorporar todas as complicações e funções conhecidas na época. Nenhum prazo ou limite monetário foi colocado no pedido. Foi concluído em 1827, 44 anos após a encomenda e 34 anos após a morte da própria rainha, mas o resultado foi o que muitos especialistas consideram o relógio mais importante já produzido por razões tecnológicas, estéticas e históricas.
O Breguet 160 - Marie Antoinette
O “gong-spring” e o “parachute”
Outras invenções notáveis desses anos são o “gong-spring” (1783), usado para carrilhão de relógios na substituição de um gongo, e o “parachute” (1790), um sistema de proteção contra choque ou “suspensão elástica” (como o próprio Breguet muitas vezes chamou) o que tornou os relógios menos frágeis e mais resistentes.
O gong-spring num relógio repetidor de minutos e, à direita, sistema anti-choque "parachute”
A sociedade com Xavier Gide
Breguet trabalhou por conta própria até 1787, quando se associou a Xavier Gide, comerciante de relógios que trouxe mais capital para o negócio.
Apesar de não ter sido particularmente bem sucedida tendo sido por isso dissolvida em 1791, esta parceria foi muito importante na história da Breguet porque, com ela, a empresa passou a manter registos das vendas e dos custos de produção da fábrica fornecendo-nos informações inestimáveis.
Registos de Breguet
A título de exemplo, em relação aos relógios automáticos que mencionamos acima, sabemos pelos registos que Breguet vendeu sessenta “perpétuelle” de 1787 a 1823. E embora não haja registros para os anos entre 1780 e 1787, podemos supor que outras vinte ou trinta peças foram produzidas nesse período. Tempos perigosos
Mas aqueles eram tempos perigosos com a tempestade da revolução francesa a aproximar-se rapidamente, em especial para um homem que era considerado muito próximo da aristocracia e da corte real. Felizmente, Breguet tornou-se amigo íntimo do líder revolucionário Jean-Paul Marat, cuja irmã Albertine fez alguns ponteiros para o relojoeiro. Diz-se que Breguet salvou Marat de uma multidão enfurecida que se reuniu do lado de fora da casa de um amigo em comum: teve a ideia de vestir o seu amigo como uma senhora de idade e assim os dois poderam escapar com sucesso. Quando Marat descobriu que Breguet estava condenado à guilhotina, conseguiu um salvo-conduto que permitia a Abraham-Louis deixar Paris e viajar para Genebra em 1793. De lá, mudou-se para Le Locle, onde montou uma pequena oficina com apenas um punhado de funcionários. Dessa forma, pôde continuar a trabalhar para as famílias reais da Rússia e da Inglaterra, em particular o rei George III. Regresso às origens
Em 1795 o ambiente político em França estabilizou e Breguet voltou a Paris, onde encontrou a sua fábrica em ruínas. Amigos, entre eles principalmente a família Choiseul-Praslin, ajudaram-no a reconstruir o seu negócio, que montou de novo no Quai de l'Horloge. O Exército e a Marinha precisavam urgentemente de relógios confiáveis, então Breguet foi bem-vindo de volta. Chegou mesmo a ser indemenizado pelas perdas sofridas durante o terror e conseguiu que o seu pessoal fosse dispensado do serviço militar para acelerar a recuperação da sua fábrica. Embora a atividade de Breguet tenha sido seriamente atingida nos anos do exílio, usou o seu tempo para desenvolver muitas das ideias e invenções excepcionais que foram implementadas nos anos seguintes, alcançando rapidamente grande sucesso.
Espiral Breguet
A mola do balanço, também designada "espiral", é uma pequena mola que através da sua elasticidade regula as oscilações do balanço. Está ligada na sua extremidade interna ao eixo do balanço e na sua extremidade externa ao piton. A mola de balanço plana, inventada pelo matemático holandês Huygens em 1675, havia estabelecido um grau de isocronismo que deixava a desejar. A espiral plana era feita de cobre ou ferro e tinha apenas algumas espiras. Embora imperfeito, deu o equilíbrio que precisava para se tornar tão preciso quanto o pêndulo de um relógio.
Em 1795 Abraham-Louis Breguet resolveu o problema levantando a última espira da mola e reduzindo a sua curvatura, para garantir o desenvolvimento concêntrico da mola de balanço.
Assim dotado com o "overcoil Breguet", a espiral passou a ter forma concêntrica. Os relógios ganharam precisão e o pivot do balanço não se desgasta tão facilmente.
Breguet também aperfeiçoou um volante de compensação bimetálica para anular os efeitos das mudanças de temperatura no balanço.
A espiral breguet foi adotada por todas as grandes empresas relojoeiras, que continuam a usá-la até hoje em peças de alta precisão. Entre 1880 e 1910, muitos fabricantes escreveram as palavras "Spiral Breguet" ou "Breguet overcoil" em letras grandes nas tampas dos seus relógios.
Espiral Breguet
Os "Souscriptions"
A excelência de Breguet não estava apenas na técnica e no estilo, também era um grande comerciante. Um exemplo: em 1797, o relojoeiro criou um dos mais famosos exemplos de relógio de bolso de ponteiro único, o "Souscription".
Breguet Souscription nº 3424 - cerca de 1797 (mostrador e movimento)
Lançado através de uma brochura publicitária e dotado de um movimento especial de grande simplicidade assente num grande tambor central, era vendido em regime de subscrição (daí o nome), com o pagamento de um quarto do preço quando da encomenda. O "Souscription" teve grande sucesso e vários modelos foram produzidos, com diferentes mostradores e caixas de ouro ou prata.
Breguet Souscription N. 542, 62 mm, caixa prateada com bordadura de ouro, mostrador em esmalte, vendido em 1800
Breguet Souscription N. 1391, 57 mm de diâmetro, caixa dourada, mostrador guilloché torneado, vendido em 1805
O "relógio de tacto"
No final da década de 1790, Abraham Louis Breguet inventou o "montre à tact" ou "relógio com tacto".
Além de permitir ao utilizador ver as horas da maneira tradicional, abrindo a caixa do relógio e olhando para o mostrador interno, também permitia que verificasse as horas no escuro, girando o ponteiro ou a seta fora da caixa no sentido horário até que parava na hora indicada pelo relógio. Graças aos pequenos botões ao redor da caixa, usados como marcadores de horas, era possível sentir em qual ponteiro/seta das horas estava posicionado e discernir a hora certa aproximadamente.
Relógio de cilindro 'médaillon montre à tact' com caixa caçador em ouro rosa, esmalte e diamantes, assinado Breguet, nº 608, vendido a Monsieur Bastreche em 1800 por 3.000 francos
O sistema "a tacto" ajudava a obter as horas com tato sem tirar o relógio do bolso, pois naquela sociedade muito educada ao fazê-lo poderia parecer entediado ou impaciente. E, de fato, outro significado da palavra “tato” em francês é sinónimo de sensibilidade para com os outros (daí as palavras “tact” and “tactful” em inglês).
O Tourbillon
Em 26 de junho de 1801, o ministro do Interior francês concedeu a Breguet uma patente com 10 anos de duração para a sua invenção do turbilhão, um novo tipo de regulador.
Patente do Tourbillon concedido em 1801pelo Ministro Francês do Interior
É interessante ler a carta que Breguet escreveu ao ministro francês para apresentar sua invenção: "Ministro cidadão, tenho a honra de apresentar-lhe um memorando detalhando de uma nova invenção, aplicável aos instrumentos de medição do tempo, a que chamei de Régulateur a tourbillon, e solicito uma patente para a construção desses reguladores por um período de dez anos. Consegui, com esta invenção, eliminar por compensação os erros devidos a diferenças de posição nos centros de gravidade, e pelo movimento do regulador, em distribuir igualmente o atrito por todas as partes dos pivôs do referido regulador e nos orifícios em que giram, de modo que a lubrificação dos pontos de contato seja sempre igual mesmo com o engrossamento do óleo, e ao remover muitos outros erros que afetam, em maior ou menor grau, a precisão do movimento, de uma maneira que está totalmente além do conhecimento atual de nossa arte, mesmo com um período infinito de tentativa e erro. É após a devida consideração de todas essas vantagens, com a capacidade de aperfeiçoar os meios de fabricação e as despesas consideráveis que tive para chegar a tal ponto, que decidi solicitar uma patente para fixar a data da minha invenção e para me compensar pelas despesas que fiz. Respeitosamente, Assinado Breguet"
Graças à sua profunda compreensão das leis da física, Breguet percebeu que a maneira como um relógio funcionava era afetada por mudanças na sua posição. As mudanças foram particularmente evidentes quando os relógios eram mantidos na posição vertical, o que acontecia muitas vezes considerando que os relógios de bolso eram guardados no bolso do colete a maior parte do tempo. Ele entendeu que a principal causa desse comportamento era a gravidade. Embora não fosse possível eliminar as forças gravitacionais, ele pensava que era possível compensá-las instalando o órgão regulador (o balanço suspenso) e o escape dentro de uma gaiola móvel realizando uma rotação completa em torno do seu próprio eixo uma vez por minuto.
Plano patenteado do Tourbillon
Com esta invenção, Breguet não só melhorou a precisão dos cronómetros de bolso, mas criou um dos dispositivos relojoeiros mais apreciados e fascinantes.
Breguet No. 2567 um relógio de bolso turbilhão com mostrador prateado, algarismos romanos e ponteiros Breguet em aço azulado - 1812
A descendência e a internacionalização
Em 1807, Breguet integrou o seu filho Antoine-Louis (nascido em 1776) na sua empresa e, a partir desse momento, a empresa ficou conhecida como Breguet et Fils. Os aspectos comerciais do negócio eram dirigidos por Suzanne l'Hillier, sua cunhada, pois a sua esposa tinha morrido em 1780. Imerso na relojoaria desde a mais tenra infância, Antoine-Louis de imediato demonstrou grandes habilidades. Aprendeu em Paris com o seu pai e em Londres, com o grande fabricante de cronómetros e amigo inglês, John Arnold. Nesses anos, Breguet continuou a desenvolver a sua clientela estrangeira com crescente sucesso. Particularmente bem sucedido na Rússia, abriu uma filial em São Petersburgo em 1808. Infelizmente, foi forçado a fechá-la três anos depois, quando o Czar Alexandre I proibiu a entrada de produtos franceses em solo russo, como resposta à política de Napoleão.
Cartas de Breguet pai e filho para Lazare Moreau, o funcionário que administrava a filial de São Petersburgo
O próprio Napoleão era um bom cliente e comprou vários relógios a Breguet, entre eles um "Pendule Sympathique". Algumas vezes visitou a fábrica Breguet incógnito.
Caroline Bonaparte, irmã mais nova de Napoleão e esposa de Joachim Murat, rei de Nápoles, foi sem dúvida uma das melhores clientes de Breguet, adquirindo trinta e quatro relógios de 1808 a 1814.
Caroline Murat, Rainha de Nápoles
O primeiro relógio de pulso
Foi em resposta a uma encomenda da Rainha de Nápoles que, em 1810, Breguet concebeu e fez o primeiro relógio de pulso conhecido, o relógio Breguet número 2639, um relógio de repetição, oval, excepcionalmente fino com complicações, montado numa pulseira de ouro.
Não há esboços nos arquivos que indiquem o seu aspecto exterior. Felizmente para nós, o relógio aparece num registo de reparações daquilo a que hoje chamamos serviço pós-venda. A anotação, datada de 8 de março de 1849, indica que a Condessa Rasponi, "residindo em Paris na Rue d'Anjou 63", enviou o relógio número 2639 para reparação. A condessa era nada mais nada menos que Louise Murat, nascida em 1805, a quarta e última filha de Joachim e Caroline Murat, que em 1825 se casou com o conde Giulio Rasponi.
Foi novamente trazido para reparação em 1855, que é o último vestígio que a Breguet tem dele. Hoje, não se sabe se o relógio Rainha de Nápoles ainda existe, pois nenhuma coleção pública ou privada o apresenta no seu inventário.
O sucesso de Breguet tornou-o rico. Durante a sua vida, a sua empresa produziu cerca de 17.000 relógios. No entanto, ele sempre manteve um estilo de vida simples. Era conhecido pela sua bondade e bom humor.
Reconhecimentos
Entre os inúmeros reconhecimentos alcançados durante a sua vida, Abraham-Louis Breguet foi premiado por Luís XVIII com o título oficial de fabricante de cronómetros da Marinha Real Francesa. Este era provavelmente o título de maior prestígio que um relojoeiro poderia almejar, já que o próprio conceito de cronometria marinha implicava conhecimento científico. Também teve um papel crucial para o país, pois os cronómetros marítimos eram de capital importância para as frotas, permitindo o cálculo das posições dos navios no mar.
Breguet tornou-se membro de pleno direito da Academia Francesa de Ciências em 1816 e recebeu o Cavaleiro da Legião de Honra das mãos de Luís XVIII em 1819.
Um retrato de Abraham-Louis Breguet em 1816, quando se tornou membro da Academia Francesa de Ciências
Abraham-Louis Breguet morreu repentinamente aos 77 anos de idade em 17 de setembro de 1823. O filho único do fundador, Antoine-Louis Breguet, assumiu a empresa com sucesso seguindo o caminho do seu pai e mantendo o padrão de qualidade superior que fez a marca famosa em todo o mundo.
Após a morte de Abraham-Louis Breguet em 1823, o seu único filho Antoine-Louis Breguet (1776-1858) - um relojoeiro altamente talentoso - assumiu a empresa que continuou a crescer e a expandir-se.
A marca Breguet manteve altos padrões de qualidade e continuou inovando. Entre as invenções deste período podemos citar o primeiro relógio com corda sem chave e o “sympathique clock”.
A invenção da coroa sulcada
O relógio nº 4952 criado para o Conde Charles de L'Espine em 1830 tinha um botão serrilhado que servia a um duplo propósito: acertar os ponteiros e realimentar o relógio. Com ele, nasceu a moderna coroa sulcada.
No entanto, Antoine-Louis não conseguiu patentear este mecanismo revolucionário e dez anos depois uma grande empresa relojoeira de Genebra (Patek Philipps) apresentou um pedido de patente para uma invenção semelhante.
O Breguet n. 4288, um relógio de repetição de meio quarto equipado com uma coroa - cerca de 1830
O "Sympathique clock"
O relógio "Sympathique" foi construído em 1834 com base nos princípios desenvolvidos por Abraham-Louis Breguet em 1793. O seu engenhoso mecanismo patenteado permitia que um relógio de bolso fosse automaticamente ajustado e realimentado quando colocado num suporte posicionado na parte superior de um relógio de mesa adaptado para o efeito.
Relógio Breguet ”Sympathique” com moldura em bronze dourado que abriga um movimento com escape cronómetro de força constante e exibe dia, mês, data, fases da lua e equação do tempo, além de apresentar um termômetro Celsius
Breguet na literatura e na aristocracia
Possuir um relógio Breguet era considerado um sinal seguro de riqueza e sucesso. Símbolo de status reconhecido, o nome Breguet apareceu repetidamente em várias obras-primas da literatura mundial. Abaixo, apresentamos apenas alguns exemplos. "Breguet faz um relógio que durante vinte anos nunca errará, enquanto a máquina lamentável em que vivemos funciona mal e produz dor pelo menos uma vez por semana."
Stendhal (1783-1842) em Roma, Nápoles e Florença, 1817
"Um dândi dos boulevares (...), passeando à vontade até que seu Breguet, sempre vigilante, lhe lembre que é meio-dia." Alexander Pushkin (1799-1837) em Eugen Onegin, 1825-1833
"Ele tirou o relógio fino mais delicioso que Breguet já havia feito. Fantasia, são onze horas, acordei cedo."
Honoré de Balzac (1799-1850) em Eugenie Grandet, 1833
“Uma fina corrente de ouro pendia do bolso do seu colete, onde se via um relógio plano. Ele brincou com a chave "catraca" que Breguet acabara de inventar."
Honoré de Balzac (1799-1850) em La Rabouilleuse, 1842
"Relógio Danglars, uma obra-prima de Breguet que ele rebobinou com cuidado antes de partir no dia anterior" Alexandre Dumas (1802-1870) em O Conde de Monte Cristo, 1844
“Às vezes o coração prega partidas e decepciona-nos. Os vigilantes estão certos. Pois Deus (o poderoso Breguet) nos deu fé, e vendo que era bom, melhorou-o com um olhar atento." Victor Hugo (1802-1885) em Les Chansons des rues et des bois, 1865
Victoria, Rainha da Grã Bretanha e Irlanda, comprou um relógio Breguet em 17 de julho de 1838, um ano após sua ascensão ao trono, “um relógio muito pequeno e simples, sem repetidor, muito fino” registrado sob o número 5102. O célebre compositor italiano Gioachino Rossini - uma das figuras públicas mais respeitadas de seu tempo - possuía o relógio Breguet número 4604, um design simples e de tamanho modesto exibindo a data. Apresentava uma caixa dourada, um mostrador prateado descentralizado e um escape de âncora. Após a morte do compositor, em 1868, a sua viúva continuou a ter a peça mantida e conservada por Breguet. Não há fotos desses relógios, mas felizmente há informações detalhadas nos arquivos da Breguet.
O Breguet número 4961 - um relógio de bolso de repetição de meio quarto extraplano com calendário perpétuo, fases da lua, equação de tempo e indicador de reserva de marcha - que foi vendido em 1831 para Lord Henry Seymour Conway e considerado um dos relógios mais complicados já feitos por Breguet numa caixa tão fina (apenas 7,7 mm de espessura). Este relógio histórico foi comprado por mais de um milhão de francos suíços num leilão em 2013
O passar de testemunho
Em 1833, aos 57 anos, Antoine-Louis decidiu reformar-se e refugiar-se na sua propriedade em Le Buisson, perto de Paris, passando o negócio para o seu filho Louis-Clément, que se destacou nos estudos científicos.
Louis-Clément François Breguet (1804-1883) tinha dezenove anos quando o seu famoso avô, Abraham-Louis, morreu. Depois de concluir os seus estudos na Perrelet, um relojoeiro especializado em Versalhes, foi para a Suíça trabalhar como relojoeiro e adquirir experiência nos métodos de produção suíços. Com ele, Breguet iniciou a produção paralela de relógios padronizados e individualizados.
Louis-Clement entrou em sociedade com um dos seus parentes e a empresa foi renomeada Breguet, Neveu et Cie.
Um complicado relógio de repetição de um quarto aberto com fases da lua assinado Breguet Neveu et Cie. Um pouco maior que uma moeda de Euro, este relógio de 37 mm foi vendido à princesa russa Catherina Bagration em 1829 e, segundo rumores, seria um presente para o seu marido, o coronel Caradoc. Este casamento rapidamente terminou e o relógio foi de novo adquirido pela Breguet em 1830. Em 1835, o relógio foi revendido ao Sr. Nathaniel de Rothschild, o famoso empresário, banqueiro e enólogo, que fundou o Chateau Mouton Rothschild.
Louis-Clément otimizou os processos de fabrico - nesses anos, a empresa produzia cerca de 350 relógios por ano - mas também se diversificou em instrumentos científicos, dispositivos elétricos e instrumentos de telégrafo.
Em particular, em 1842, desenvolveu um telégrafo de agulha elétrica para substituir o sistema de telégrafo óptico então em uso. Em reconhecimento ao seu trabalho no telégrafo elétrico, em 1845 Louis-Clément Breguet foi premiado com a Legião de Honra. Obteve os maiores prêmios em todas as exposições do mundo, foi nomeado membro do Bureau des Longitudes (1852) e eleito para a Académie des Sciences em 1874.
Louis-Clément François Breguet
O seu nome é um dos 72 cientistas, engenheiros e matemáticos franceses cujos nomes estão escritos ao redor da base da Torre Eiffel.
O notável sucesso no campo da eletrónica, juntamente com sua grande paixão pela física e o fato de seu filho Antoine (1851-1882) compartilhar os mesmos interesses, levou Louis-Clément a decidir dedicar toda a sua atenção ao negócio de produção elétrica: aparelhos para telegrafia, sinalização ferroviária e fisiologia.
Como consequência, em 8 de maio de 1870, o departamento de relógios foi vendido ao gerente da fábrica, o inglês Edward Brown, que entretanto se tinha tornado sócio da empresa.
Antoine, bisneto de Abraham-Louis, foi o último da família Breguet a administrar o negócio. De fato, embora tenha deixado dois filhos e uma filha, não entraram no negócio. Morreu aos 31 anos de idade.
A simples etiqueta “Breguet” acompanhou o negócio de relojoaria, enquanto o negócio de aparelhos elétricos usou a etiqueta “Breguet FT”, que significa “Breguet fabricant”.
A família Brown
Em 1881, a empresa relojoeira reorganizou-se sob o nome de Maison Breguet e, sob a liderança de Edward Brown, continuou visando a classe alta internacional como clientes para os seus produtos de elite, mantendo uma qualidade muito alta.
Quando Edward Brown, aos 66 anos, morreu em 1895, a empresa foi assumida pelos seus filhos Edward e Henry. Com a reforma de Edward no início de 1900, Henry tornou-se o chefe da empresa.
Nesses anos, Sir David Lionel Goldsmid-Stern-Salomons (1851-1925) - um autor científico multi-talentoso, advogado, baronete da Grã-Bretanha, sobrinho do primeiro Lord Mayor judeu de Londres - distinguiu-se como um dos mais experientes colecionadores de relógios Breguet.
Seu livro "Breguet (1747-1823)" é ainda hoje uma das obras mais apreciadas sobre Breguet.
Página de entrada do livro "Breguet" de Sir David Lionel Salomons
Na sua morte em 1925, Salomons deixou cinquenta e sete dos seus relógios Breguet, incluindo o célebre nº 160 "Marie-Antoinette", à sua filha Vera Bryce (1888-1969). Outras peças foram deixadas à esposa.
Após a Primeira Guerra Mundial, Vera mudou-se para Jerusalém tornando-se uma filantropa ativa. Após a morte de seu professor, Leo Aryeh Mayer, reitor da Universidade Hebraica de Jerusalém, Vera fundou o LA Mayer Institute for Islamic Art e doou os seus preciosos relógios ao museu para serem exibidos numa galeria dedicada.
Mais de 106 desses preciosos relógios, incluindo o “Marie Antoinette”, foram roubados em 1983 e encontrados novamente após mais de 20 anos.
Em 1927 George Brown, filho de Henry, sucedeu ao seu pai demonstrando boas competências na gestão da empresa.
O Pilot Type 20
Expandiu a gama de relógios produzidos pela Maison para incluir instrumentos aeronáuticos como o lendário cronógrafo de pulso “Type 20” (ou “Type XX”) que a marca desenvolveu para atender às especificações técnicas que o Ministério da Guerra francês emitiu na década de 1950 para um relógio de piloto que teve que se tornar parte do equipamento padrão da Força Aérea e das Forças de Aviação Naval.
Juntamente com precisão (dentro de +/- 8 segundos por dia) e confiabilidade, os requisitos do Tipo 20 incluíam recursos como um mostrador preto, uma função de cronógrafo flyback e pelo menos 35 horas de reserva de energia.
Embora a Breguet não tenha sido o único fabricante selecionado para fornecer esse tipo de instrumento, certamente foi o principal produtor de relógios nesse estilo.
Breguet Type 20 para a Força Aérea Francesa com dois registos e luneta giratória sem marcas além da pequena seta. 1955
E certamente podemos dizer que a ligação de Breguet com o mundo da aviação foi especial. Na verdade, Louis Charles Breguet (1880-1955), tetraneto do lendário fundador Abraham-Louis, foi um dos pioneiros da aviação. Em 1919, fundou a Compagnie des messageries aériennes, que evoluiu para a Air France. A alienação da empresa e George Daniels
Depois de liderar a empresa durante várias décadas, em 1970, George Brown vendeu a marca para a Chaumet, uma joalharia parisiense com sede na Place Vendome, fundada em 1780 e liderada na época pelos irmãos Jacques e Pierre Chaumet.
A família Brown liderou a empresa Breguet durante 100 anos (1870-1970), período superior ao da família Breguet (1775-1870).
Cabe aqui referir que, em 1975, o relojoeiro britânico George Daniels publicou “The Art of Breguet”, livro que é considerado a história ilustrada definitiva do pai da relojoaria moderna e da sua obra. Na década de 1960, antes de criar sua própria marca, Daniels era considerado o maior especialista em Breguet e o seu amigo George Brown conferiu-lhe o título de “Agente de Breguet à Paris”.
Livro de George Daniels
De volta à história da marca. Sob a chancela da Chaumet, em 1976 as oficinas Breguet foram transferidas para o Vallée de Joux, na Suíça, uma área onde nasceu a relojoaria suíça e onde o recrutamento de relojoeiros altamente qualificados era muito mais fácil do que em Paris. A direção técnica foi atribuída ao mestre relojoeiro Daniel Roth, conhecido dos aficionados por criar sua própria marca de luxo em 1989.
Não foram anos fáceis para os fabricantes de relógios mecânicos, pois enfrentavam a chamada crise do quartzo e Chaumet também, com pesadas perdas nos seus negócios de compra e venda de diamantes após a queda dos preços em todo o mundo. Como consequência, em 1987, a Chaumet foi comprada pela Investcorp SA, um dos principais bancos de investimento do Bahrein.
Edições lendárias
Foram produzidos relógios memoráveis nestes anos, incluindo um relógio de pulso Tourbillon em 1988 e a notável Equação do Tempo do Calendário Perpétuo em 1991.
Calendário Perpétuo e Equação do Tempo - 1991
A Investcorp continuou a reestruturação e, em 1991, comprou a Valdar SA, uma empresa suíça envolvida no fabrico e fornecimento de componentes micromecânicos para a indústria de relógios, incorporando-a no recém-criado Groupe Horloger Breguet (GHB).
A associação à Lemania
Em 1992, compraram igualmente a fabricante de movimentos Nouvelle Lemania SA, conhecida pelos seus excepcionais movimentos cronógrafos que podem ser encontrados em relógios de muitas marcas, incluindo o icônico Speedmaster da Omega. Na época, a Nouvelle Lemania produzia todos os relógios da Breguet, bem como a produção de movimentos mecânicos de alta qualidade para outras marcas de relógios de alta relojoaria.
A fábrica Nouvelle Lemania com sede em L'Orient no Vallée de Joux. Hoje este é o principal local de fabrico da Breguet
O Groupe Horloger Breguet (GHB) voltou aos lucros em 1998, facturando 280 milhões de francos suíços e expandindo-se para o mercado do Sudeste Asiático. Sob o controlo da Investcorp, as vendas unitárias cresceram cerca de dez vezes.
A aquisição da empresa pelo Grupo Swatch
Em 14 de setembro de 1999, o Grupo Swatch anunciou a compra do Groupe Horloger Breguet à Investcorp SA, adicionando a Breguet a um grupo de quinze marcas na época, como Blancpain, Omega e Longines.
Aproveitando a força industrial e comercial do Grupo Swatch, a marca dispunha de todos os recursos materiais e técnicos necessários para desenvolver modelos excecionais, de forma a corresponder às expectativas dos devotos da marca e dos mais exigentes conhecedores.
A marca foi, em primeiro lugar, equipada com uma unidade fabril à altura das suas ambições. Recrutou os relojoeiros mais qualificados, assim como reforçou a formação e a transmissão de artes e ofícios raros às novas gerações.
O presidente do Swatch Group, Nicolas G. Hayek, considerou a marca a sua joia da coroa, concordando plenamente com a opinião que Sir David Lionel Salomons havia expressado em 1921: “Para quem entende de mecanismos, um relógio Breguet é verdadeiramente uma pintura”.
E foi natural para ele criar o Museu Breguet. Inaugurado em 13 de setembro de 2000, apresenta documentos e itens inestimáveis relacionados com a história da Maison. O Museu está agora localizado no primeiro andar da Breguet Boutique na Place Vendôme em Paris e é dirigido por Emmanuel Breguet, a sétima geração descendente direta de Abraham-Louis.
O museu Breguet em Paris
Arquivos Breguet exibidos no Museu
Os arquivos da Breguet cobrem mais de dois séculos e incluem registos de produção, livros de reparação, certificados de autenticidade, cartas de clientes, anotações técnicas escritas por Abraham-Louis Breguet e seu filho e, claro, muitos relógios raros que a empresa continua a adquirir todos os anos.
Um comerciante excepcional, Hayek preparou grandes comemorações para o 200º aniversário da data de patente do turbilhão, culminando em 2001 com uma grande festa em Versalhes. Como resultado dos intensos esforços de marketing da Breguet, as vendas de relógios Breguet turbilhão aumentaram de 150 em 1999 para mais de 1.000 em apenas cinco anos.
O Grande Complication Tourbillon 1801-2001, emitido em 2001 para comemorar os 200 anos da patente do turbilhão
Observando o renovado interesse do mercado por este feito relojoeiro, outros relojoeiros de alto nível seguiram o caminho da Breguet, adicionando relógios turbilhão às suas coleções com benefícios evidentes para toda a indústria relojoeira.
Nicolas Hayek em 2008 mostrando orgulhosamente o Breguet No. 1160, a réplica do original No. 160 "Marie Antoinette", enquanto usava nos pulsos dois relógios Breguet (e um Omega)
A marca estava finalmente na situação ideal para perpetuar o dinamismo inovador do fundador Abraham-Louis como demonstrado pelo número excepcional de patentes - mais de 120 desde 2002! - desenvolvido e registado pela empresa sob a liderança de Nicolas G. Hayek e, posteriormente, do seu neto Mark. A introdução do silicio
Em 2006, a Breguet alcançou um grande avanço na tecnologia relojoeira com a introdução de várias peças do movimento mecânico em silício.
O silício é impermeável à atração e influência magnética, bem como altamente resistente à corrosão e ao desgaste. Mais leve e mais duro que o aço, reduz a inércia, não requer lubrificação e oferece muito maior liberdade geométrica, ou seja, oportunidades para produzir formas novas e complexas.
O uso de silício na roda de escape e âncora, e em alguns casos para a espiral do balanço, possibilitou o aumento da frequência do oscilador – chegando a 72.000 alternâncias por hora em alguns relógios – dotando-os de uma grande precisão.
Âncora, roda de escape e espiral em silício
O pivot magnético
A introdução de componentes antimagnéticos abriu um mundo de novas possibilidades. De fato, em 2010, Breguet registrou uma patente para o pivô magnético, terminado com o tabu do magnetismo na relojoaria .
Composto por dois contra-pivôs que incorporam um micro-íman especialmente poderoso em cada extremidade do balanço, esta inovação tecnológica serviu notavelmente para criar um sistema dinamicamente estável capaz de manter o balanço centrado e auto-ajustável.
Em 2012, a Breguet proporcionou a primeira aparição desta surpreendente invenção ao apresentar o Classique Chronométrie, um relógio com resultados de classificação excepcionais graças à frequência de balanço de 10Hz.
O Breguet Classique Chronométrie, vencedor do “Aiguille d'Or”, a mais alta distinção que homenageia o melhor relógio do ano no Grand Prix d'Horlogerie de Geneve 2014
O regulador magnético do trem de rodagens
Um ano depois, os relojoeiros da Breguet demonstraram mais uma vez as suas virtualidades e competências de inovação com a invenção de um regulador magnético para as rodas de transmissão do movimento, outra estreia mundial na relojoaria.
O inovador regulador equipado com ímãs e funcionando com o princípio de correntes parasitas (correntes de Foucault) que supera as desvantagens do sistema clássico baseado em atrito. A interação entre discos de prata e ímãs produz rotação constante. Ao evitar o contato entre os componentes giratórios e uma parede interna, a Breguet consegue eliminar tanto o ruído quanto o desgaste.
Equipando o relógio Classique La Musicale, este engenhoso mecanismo elimina os problemas característicos de desgaste, ruído de fundo e a necessidade de maiores quantidades de energia, garantindo também uma maior precisão.
O Classique La Musicale, aqui em ouro branco, replicando “The Thieving Magpie” de Rossini ou “La Badinerie” de J.-S. Bach
Trens de rodagem independentes nos cronógrafos
Em 2015, com o Tradition Chronographe Independant 7077, Breguet propôs uma solução técnica inteligente e inovadora ao equipar a corda manual com dois trens de rodagens independentes, um para as horas e minutos e outro para o cronógrafo.
Um benefício evidente de ter os dois trens totalmente independentes é que o movimento permanece completamente inalterado quando o cronógrafo é iniciado. Isso garante melhores desempenhos cronométricos.
Este relógio também introduziu um novo método para fornecer energia ao trem de rodagens do cronógrafo. De fato, Breguet patenteou um sistema que armazena a energia necessária para accionar o cronógrafo quando o utilizador pressiona o botão esquerdo para o reposicionar no zero.
Tradition Chronographe Independent 7077 com trens de rodagens independentes
Mais de dois séculos de invenções e avanços tecnológicos pontuam a história da Breguet, ao mesmo tempo que moldam o futuro numa busca constante pela melhoria contínua do desempenho, precisão, funcionalidade e design dos relógios. Uma atitude que certamente deixaria o fundador Abraham-Louis muito orgulhoso.
Vistas da Manufatura Breguet em L'Orient na actualidade
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