
Bruno Moreira, Data Engineer na OutSystems em Portugal, destaca-se no mundo tecnológico pela sua habilidade em adaptar-se e influenciar as novas tendências. Na construção do seu relógio conseguiu combinar a arte tradicional de relojoeiro com a tecnologia mais avançada, reflectindo uma união única de habilidades. Formado com um mestrado em Redes e Telecomunicações pela Universidade de Coimbra, Bruno seguiu uma carreira em engenharia de software. Além das suas competências técnicas, é conhecido pela sua excelência em liderança de equipas em ambientes diversos, mostrando-se sempre um solucionador de problemas.
O seu percurso profissional levou-o a trabalhar em projetos importantes nos Estados Unidos e na Europa, consolidando a sua reputação como engenheiro de dados e visionário. Além de contribuir em projetos de transformação de sistemas, é co-fundador do Group TBM, demonstrando um forte espírito empreendedor com impacto no mercado global. É um exemplo de como harmonizar a precisão técnica com valores humanos e inovação com tradição.
Entrevista a Bruno Moreira
Conta-me sobre ti e como descobriste a paixão pela relojoaria.
Ah, desde pequeno que tenho fascínio por mecanismos complexos. Lembro-me de desmontar relógios velhos do meu avô só para ver as peças todas. Quando soube do curso no Instituto, nem pensei duas vezes.

O que te motivou a inscrever-te no curso de relojoaria do Instituto Português de Relojoaria?
Queria aprofundar o meu conhecimento técnico e ter acesso a ferramentas e técnicas que não conseguiria aprender sozinho. Além disso, o Instituto tem uma grande reputação e grandes mestres..
E a decisão de não incluir uma tampa no fundo no relógio, o que te levou a essa escolha?
Escolher construir a caixa do relógio de uma só peça, sem uma tampa traseira separada, foi uma decisão que tomei por várias razões. Em primeiro lugar, esta abordagem confere uma maior robustez e integridade estrutural ao relógio. Sem a necessidade de uma junção ou tampa traseira, reduz-se o risco de infiltrações de água ou pó, aumentando a durabilidade do relógio. Além disso, a construção de uma só peça permite uma forma mais limpa e elegante, com linhas suaves e contínuas. Esta escolha de design, embora não permita a visualização do movimento, foca-se na simplicidade e na elegância da forma externa, oferecendo uma experiência diferente ao utilizador. É uma demonstração de que, por vezes, a beleza da relojoaria também reside na simplicidade e na solidez do design exterior.

E o mostrador e os ponteiros, podes explicar o processo de criação e o que planeias mudar?
O mostrador é bastante especial. Foi cortado a laser e é do tipo sandwich com discos de alumínio. Fui eu que o pintei à mão e apliquei a luminescência. Quanto aos ponteiros, por enquanto estão pintados de azul, mas vou substituí-los por ponteiros em aço que serão revenidos para obter um tom de azul perfeito.

Essas personalizações dão realmente um toque único ao relógio. Como é que os teus clientes reagem a estes detalhes?
Eles adoram. Muitos dos meus clientes são entusiastas de relojoaria e apreciam estes detalhes que tornam cada peça única. A personalização e a atenção ao detalhe são o que os atrai.
Podes explicar como fizeste a maquinação e a sinterização a laser para montar o relógio?
Claro, o processo foi bastante interessante. Comecei com a maquinação, utilizando um torno CNC, que é essencial para moldar as peças metálicas com uma precisão incrível. Este passo é crucial para assegurar que todas as partes metálicas do relógio se encaixam perfeitamente e têm o acabamento desejado.
Quanto à sinterização a laser, foi uma técnica fundamental para construir a caixa do relógio. Esta tecnologia permite-nos depositar camadas finas de pó metálico e, em seguida, fundi-las utilizando um laser. O processo é repetido camada por camada até que a caixa esteja completa. É um método que oferece uma liberdade de design extraordinária, permitindo criar formas complexas e detalhes finos que seriam impossíveis de alcançar com métodos tradicionais de fabricação.
Essencialmente, este processo combinou a precisão da tecnologia moderna com a arte tradicional da relojoaria, permitindo-me criar um relógio único tanto em termos de estética como de funcionalidade.
O que te inspirou a escolher o movimento ETA 6497 como base para o teu design?
É um movimento robusto, confiável e com uma história rica. Além disso, é um calibre grande, fácil de trabalhar e muito popular entre relojoeiros independentes.
Quais foram os obstáculos que encontraste e como os superaste?
O maior desafio foi ajustar o mecanismo para atingir a precisão desejada. Muita paciência e tentativa e erro, mas com a orientação dos professores, consegui superar.
Durante este projeto, houve algo que aprendeste e que te surpreendeu?
Aprendi que a relojoaria é tanto arte quanto ciência. O que me surpreendeu foi o quanto um centésimo de milímetro ou um grau pode fazer toda a diferença no funcionamento do relógio.

Como conseguiste vender os primeiros 11 relógios?
Foi uma combinação de passa-a-palavra e presença nas redes sociais. Também mostrei o meu trabalho em alguns eventos de artesanato local.
Tens planos para fazer mais relógios ou criar novos modelos?
Sim, estou a trabalhar num novo modelo com um design mais moderno e talvez uma complicação adicional, como um calendário.
Caixas dos novos modelos em fase de testes
Como vês o futuro da relojoaria manual tanto em Portugal como no resto do mundo?
Acho que há um ressurgimento do apreço pelo artesanato e pela qualidade. As pessoas querem algo único e isso é bom para relojoeiros independentes.
Que dicas darias a alguém que quer começar na relojoaria?
Diria para serem pacientes e meticulosos. E para não terem medo de errar, porque é assim que se aprende.
Na tua opinião, como é que as técnicas de relojoaria tradicionais se conjugam com as novas tecnologias, como a sintetização a laser?
Na minha opinião, as técnicas tradicionais de relojoaria são o alicerce do que faço. Elas proporcionam um entendimento profundo dos mecanismos e da história por trás de cada peça. Já as novas tecnologias, como a sinterização a laser, abrem um mundo de possibilidades em termos de precisão e design. É como ter o melhor de dois mundos: a arte e a precisão técnica. Conseguimos criar peças que respeitam a tradição mas que, ao mesmo tempo, empurram os limites do que é possível fazer com um relógio. Isso sem falar que permite a personalização num nível que seria impensável no passado. Eu vejo a combinação dessas técnicas como uma evolução natural da relojoaria, onde cada novo avanço tecnológico é uma ferramenta que pode enriquecer a nossa arte.
E para finalizar, qual é a tua visão para a próxima série de relógios que vais criar?
A minha visão é continuar a inovar, combinando a tradição da relojoaria com a modernidade das novas técnicas. Cada relógio que faço é uma evolução, uma aprendizagem. Quero que cada nova peça conte uma história, a história da relojoaria tradicional entrelaçada com a inovação tecnológica.
Para mais informações contactar: LinkedIn; brunosousamoreira@gmail.com
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Fascinante saber sobre o empenho e dedicação, a arte dos detalhes de combinar a relojoaria tradicional com inovação. Esperemos que nos continuem a manter informados sobre as futuras séries de relógios do Bruno Moreira.
Muitos parabéns! Muito sucesso.
Grande Bruno Moreira! O futuro promete. Parabéns.
Parabéns!