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Inovação em Movimento no Musée International d'Horlogerie



A exposição Inovação em Movimento no MIH revela a evolução da mola espiral e o impacto de Christiaan Huygens.
A exposição Inovação em Movimento no MIH revela a evolução da mola espiral e o impacto de Christiaan Huygens.

O Musée international d'horlogerie (MIH) apresenta Inovação em Movimento, uma exposição dedicada à espiral, peça fundamental na evolução da relojoaria mecânica. Assinalam-se desta forma os 350 anos da invenção de Christiaan Huygens, a mostra explora a origem, o impacto e as inovações tecnológicas associadas a este componente essencial. De exemplares históricos raros a avanços contemporâneos em silício, a exposição revela como a mola espiral transformou a medição do tempo e continua a influenciar a relojoaria moderna.


Christiaan Huygens
Christiaan Huygens

Em 1675, este relojoeiro neerlandês revolucionou a história da relojoaria ao revelar ao mundo uma mola em espiral capaz de conciliar precisão e portabilidade nos instrumentos de medição do tempo. A exposição Inovação em Movimento, apresentada pelo MIH e pela fundação neerlandesa Stichting Haegsche Tijd, explora as origens, os desenvolvimentos e as diversas aplicações desta invenção. Destaca ainda como a espiral lançou as bases da relojoaria moderna e se tornou um componente estratégico para a indústria relojoeira.


A exposição decorre sob o patrocínio da Embaixada da Suíça nos Países Baixos, da Embaixada do Reino dos Países Baixos na Suíça e da República e Cantão de Neuchâtel.


A inauguração pública, acompanhada por música neerlandesa de época interpretada pelo ensemble La Sfera Armoniosa, teve lugar na quinta-feira, 20 de Fevereiro, às 17h30, no MIH. A exposição ficará patente de 21 de Fevereiro a 22 de Junho de 2025, com horário de funcionamento de terça-feira a domingo, das 10h00 às 17h00.


 

A Grande História da Relojoaria Através do Prisma do Seu Mais Fino Componente


A exposição oferece uma visão histórica das inovações associadas à mola espiral, desde o século XVII até à actualidade, dividida em quatro secções.


Pintura da corte de Luís XIV, representativa da ligação entre a inovação científica e o prestígio da medição precisa do tempo no século XVII
Pintura da corte de Luís XIV, representativa da ligação entre a inovação científica e o prestígio da medição precisa do tempo no século XVII

A primeira secção aborda o contexto histórico, geopolítico e científico da Europa do século XVII, com foco nos Países Baixos e em França, onde Huygens realizou as suas principais investigações. Neste ambiente de efervescência científica e no seio da família Huygens, em Haia – recriado em realidade aumentada – surgiram as condições para a invenção da espiral como oscilador supremo da relojoaria mecânica.

Modelo do Pêndulo de Galileu – MIH IV-838: Reconstrução do mecanismo conceptual do pêndulo de Galileu, baseado nos estudos do relojoeiro italiano sobre o movimento oscilatório no século XVII.
Modelo do Pêndulo de Galileu – MIH IV-838: Reconstrução do mecanismo conceptual do pêndulo de Galileu, baseado nos estudos do relojoeiro italiano sobre o movimento oscilatório no século XVII.

A segunda secção apresenta a transição do pêndulo para a espiral, por forma a evidenciar os desafios económicos e geopolíticos da inovação técnica. A ambição dos Estados em dominar a navegação levou à corrida pela portabilidade e precisão dos relógios.


Fabriques de Spiraux Réunies, Cronómetro Ulysse Nardin (meados do século XX) – MIH I-3237: Movimento de um cronómetro de bolso Ulysse Nardin, equipado com uma mola espiral fabricada pela Fabriques de Spiraux Réunies, uma empresa suíça especializada na produção de molas espirais para relojoaria de precisão.
Fabriques de Spiraux Réunies, Cronómetro Ulysse Nardin (meados do século XX) – MIH I-3237: Movimento de um cronómetro de bolso Ulysse Nardin, equipado com uma mola espiral fabricada pela Fabriques de Spiraux Réunies, uma empresa suíça especializada na produção de molas espirais para relojoaria de precisão.

A terceira secção examina as propriedades técnicas da mola espiral, a sua composição, geometria e as limitações impostas pelas variações de temperatura e pelo magnetismo. Estes desafios estiveram no centro das investigações relojoeiras ao longo dos séculos XIX e XX, o que abrange a forma e os materiais utilizados, tal como a perícia dos artesãos e operários encarregues da fabricação e do ajuste das molas espirais.


Bloco de Silício – MIH V-826: cristal bruto de silício, material essencial na relojoaria contemporânea, utilizado na fabricação de molas espirais e osciladores de alta precisão devido à sua resistência ao magnetismo e estabilidade térmica.
Bloco de Silício – MIH V-826: cristal bruto de silício, material essencial na relojoaria contemporânea, utilizado na fabricação de molas espirais e osciladores de alta precisão devido à sua resistência ao magnetismo e estabilidade térmica.

A quarta secção foca-se no processo de inovação no século XXI, através da distinção de duas abordagens. Uma acerca da procura por melhorar o desempenho da mola espiral com novos materiais, como o silício. E outra que reavalia o percurso seguido pela relojoaria há 350 anos, por forma a explorar os osciladores alternativos baseados em princípios distintos.



Exposição "Inovação em Movimento" – MIH: Vitrine dedicada às inovações relojoeiras contemporâneas, com componentes em silício, desde a matéria-prima até aos osciladores monolíticos usados em relógios de alta precisão. A lupa destaca molas espirais em silício, evidenciando o avanço tecnológico que alterou a relojoaria mecânica.
Exposição "Inovação em Movimento" – MIH: Vitrine dedicada às inovações relojoeiras contemporâneas, com componentes em silício, desde a matéria-prima até aos osciladores monolíticos usados em relógios de alta precisão. A lupa destaca molas espirais em silício, evidenciando o avanço tecnológico que alterou a relojoaria mecânica.
Poderão estas novas tecnologias pôr fim ao domínio secular da mola espiral?


 

Uma Exposição de Referência com Contribuições de Vinte Instituições e Coleccionadores


Cartaz da exposição "Inovação em Movimento" – MIH
Cartaz da exposição "Inovação em Movimento" – MIH

Além da vasta colecção do MIH, cerca de vinte entidades privadas e institucionais contribuem para o conteúdo da exposição, tornando-a um evento de destaque no calendário relojoeiro de 2025. A mostra reúne um património relojoeiro excepcionalmente rico, no qual podem ser encontrados objectos raros, ferramentas industriais e arquivos inéditos que ilustram a evolução desta invenção fundamental.





São apresentados importantes exemplares históricos, muitos deles expostos pela primeira vez na Suíça, como um dos seis mais antigos relógios de mesa conhecidos do relojoeiro de Haia, Salomon Coster (1657), ou um relógio com mola espiral de Isaac Thuret (pouco depois de 1675), cedido pela colecção Planetarium Zuylenburgh.


Isaac Thuret (após 1675) – Colecção Planetarium Zuylenburgh (Oud-Zuilen, Países Baixos): relógio de mesa atribuído a Isaac Thuret, um dos primeiros relojoeiros a construir um relógio equipado com a  espiral concebida por Christiaan Huygens. Este exemplar representa um dos marcos mais importantes na história da relojoaria, assinalando a transição para a cronometria de alta precisão. A caixa ornamentada reflecte o prestígio associado à inovação relojoeira no século XVII, quando em simultâneo, a precisão dos relógios se tornou uma questão estratégica para a ciência e a navegação. Este modelo faz parte da Colecção Planetarium Zuylenburgh, nos Países Baixos.
Isaac Thuret (após 1675) – Colecção Planetarium Zuylenburgh (Oud-Zuilen, Países Baixos): relógio de mesa atribuído a Isaac Thuret, um dos primeiros relojoeiros a construir um relógio equipado com a espiral concebida por Christiaan Huygens. Este exemplar representa um dos marcos mais importantes na história da relojoaria, assinalando a transição para a cronometria de alta precisão. A caixa ornamentada reflecte o prestígio associado à inovação relojoeira no século XVII, quando em simultâneo, a precisão dos relógios se tornou uma questão estratégica para a ciência e a navegação. Este modelo faz parte da Colecção Planetarium Zuylenburgh, nos Países Baixos.

Desde o Journal des Sçavans, que publicou em 1675 o primeiro desenho da mola espiral de Huygens, até às experiências modernas com silício e às ligas invariantes à temperatura, premiadas com o Prémio Nobel por Charles-Édouard Guillaume, a exposição percorre sucessivas inovações que aperfeiçoaram a mola espiral.


Publicação original da mola espiral – Journal des Sçavans, 25 de Fevereiro de 1675 Página do Journal des Sçavans datada de 25 de Fevereiro de 1675, onde foi publicado o primeiro esquema da mola espiral reguladora desenvolvida por Christiaan Huygens. A ilustração apresenta o conceito revolucionário que permitiu aumentar significativamente a precisão dos relógios portáteis. Este documento histórico marca o início da relojoaria moderna, ao introduzir um oscilador isócrono baseado numa mola espiral, essencial para a medição exacta do tempo. Tradução do trecho visível: "O Sr. Huygens ocupou-se destas observações e encontrou o meio de verificar a regularidade do movimento dos relógios. Com este novo método, será possível medir o tempo com mais precisão do que com qualquer outro sistema utilizado até hoje. Esta descoberta permitirá grandes avanços na navegação e na astronomia, sendo de extrema utilidade para os estudiosos e marinheiros."
Publicação original da mola espiral – Journal des Sçavans, 25 de Fevereiro de 1675 Página do Journal des Sçavans datada de 25 de Fevereiro de 1675, onde foi publicado o primeiro esquema da mola espiral reguladora desenvolvida por Christiaan Huygens. A ilustração apresenta o conceito revolucionário que permitiu aumentar significativamente a precisão dos relógios portáteis. Este documento histórico marca o início da relojoaria moderna, ao introduzir um oscilador isócrono baseado numa mola espiral, essencial para a medição exacta do tempo. Tradução do trecho visível: "O Sr. Huygens ocupou-se destas observações e encontrou o meio de verificar a regularidade do movimento dos relógios. Com este novo método, será possível medir o tempo com mais precisão do que com qualquer outro sistema utilizado até hoje. Esta descoberta permitirá grandes avanços na navegação e na astronomia, sendo de extrema utilidade para os estudiosos e marinheiros."

Para além destes marcos históricos, a mostra revela também as realidades industriais e humanas associadas à produção da mola espiral. Uma secção apresenta as ferramentas que permitiram a sua industrialização.



Régleuses da Fábrica Election (início do século XX) – MIH I.ELE 001  Fotografia histórica que capta o trabalho das régleuses, especialistas no ajuste das molas espirais, numa fábrica relojoeira no início do século XX. Estas operárias desempenhavam um papel essencial na precisão dos relógios, regulavam e ajustavam manualmente cada mola espiral para garantir o seu funcionamento isócrono.  A fábrica Election, localizada na Suíça, era uma das muitas manufaturas onde mulheres tinham um papel central na produção relojoeira, especialmente em tarefas de alta precisão. A imagem ilustra o ambiente meticuloso da oficina, onde jovens aprendizes e especialistas trabalhavam lado a lado na montagem dos movimentos.  Este documento visual faz parte do acervo do Musée international d'horlogerie (MIH), preservando a memória do trabalho manual na relojoaria industrial.
Régleuses da Fábrica Election (início do século XX) – MIH I.ELE 001 Fotografia histórica que capta o trabalho das régleuses, especialistas no ajuste das molas espirais, numa fábrica relojoeira no início do século XX. Estas operárias desempenhavam um papel essencial na precisão dos relógios, regulavam e ajustavam manualmente cada mola espiral para garantir o seu funcionamento isócrono. A fábrica Election, localizada na Suíça, era uma das muitas manufaturas onde mulheres tinham um papel central na produção relojoeira, especialmente em tarefas de alta precisão. A imagem ilustra o ambiente meticuloso da oficina, onde jovens aprendizes e especialistas trabalhavam lado a lado na montagem dos movimentos. Este documento visual faz parte do acervo do Musée international d'horlogerie (MIH), preservando a memória do trabalho manual na relojoaria industrial.

Fotografias e arquivos documentam o papel crucial das mulheres nesta cadeia de produção, em particular as régleuses, verdadeiras especialistas na conformação e no ajuste das molas espirais nos seus postos de contagem de espirais. Esta perícia, ilustrada com excertos do filme Unrueh/Unrest, de Cyril Schäublin, evidencia a importância do trabalho manual numa indústria que passou por um intenso processo de mecanização entre o final do século XIX e o início do século XX.


Escape Monolítico em Silício – Flexous
Escape Monolítico em Silício – Flexous

Por fim, a exposição lança um olhar sobre o futuro, apresentando novas alternativas tecnológicas que desafiam a hegemonia da mola espiral, como os osciladores monolíticos em silício, produzidos com processos de fabricação de altíssima precisão.




Escape Monolítico em Silício – Flexous
Escape Monolítico em Silício – Flexous

Ao reunir objectos raros e testemunhos industriais, Inovação em Movimento oferece uma nova perspectiva sobre três séculos e meio de evolução técnica.

As peças expostas permitem ao público compreender as origens históricas da mola espiral, as suas propriedades físicas e o seu desenvolvimento industrial contemporâneo, através de modelos de demonstração, protótipos, filmes e reconstruções históricas.


 

Uma Colaboração Internacional Frutífera


A Stichting Haegsche Tijd foi fundada em 2018 com o objectivo de criar um museu do tempo em Haia, dedicado aos instrumentos de medição temporal e às suas dimensões físicas, biológicas e filosóficas. Entre as suas principais actividades destacam-se a organização de conferências, exposições e excursões.


Foi neste contexto que a Stichting Haegsche Tijd propôs ao MIH o desenvolvimento de uma exposição temporária que, além da sua apresentação na Suíça, poderá futuramente viajar para os Países Baixos e outros países.


Destacando os laços históricos entre a Suíça e os Países Baixos no domínio da inovação, a exposição decorre sob o patrocínio conjunto da Embaixada da Suíça nos Países Baixos e da Embaixada do Reino dos Países Baixos na Suíça.

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