Phillips apresenta uma rara referência 96 Quantieme Lune da Patek Philippe anteriormente pertencente a Aisin-Giro Puyi, o último imperador da dinastia Qing.
Aisin-Giro Puyi, foi o último imperador da dinastia Qing (1906-1967). Nascido em 1906, ascende ao trono como imperador Xuantong com apenas três anos de idade, de acordo com o decreto da imperatriz viúva Cixi. Quando mais tarde as forças japonesas que ocupavam o território da China se renderam em 1945, Puyi foi capturado no aeroporto de Shenyang pelo Exército Vermelho Soviético.

Imperador Aisin-Giro Puyi, foto de Ullstein Bild @ Getty Images
Depois de ser detido, Puyi foi mantido primeiro em Chita como prisioneiro de guerra, tendo posteriormente sido encarcerado durante cinco anos num campo de detenção de Khabarovsk. Em agosto de 1946, Puyi testemunhou no Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente em Tóquio na qualidade de testemunha histórica. Durante o tempo que passou na União Soviética, Puyi acabou por desenvolver uma estreita amizade com Georgy Permyakov, o seu intérprete.
Após a vitória de Mao Zedong na China, e a sua posterior visita à União Soviética em 1950, as autoridades soviéticas acederam ao pedido de repatriação de Puyi. De acordo com um relato em primeira mão da autoria do sobrinho do imperador, foi nessa época que Puyi presenteou Permyakov com este Patek Philippe Ref. 96 Quantiéme Lune.

Ref. 96 Quantiéme Lune da Patek Philippe @ Phillips
Tratava-se de uma referência lendária na história da Patek Philippe. A referência 96 com data tripla e indicação de fases da lua é um marco histórico no percurso da manufactura. A caixa Calatrava em platina, da autoria de Antoine Gerlach, estava devidamente identificada com o contraste composto por uma Chave e número 4. O mostrador conjugava a numeração árabe com um aro de ouro rosa à imagem do ponteiros “Feuille”. No interior, um movimento Victorin Piguet ébauche de 11 ''' produzido precisamente durante a crise financeira gobal de 1929, e que marcou o início da Grande Depressão. Com a apresentação da referência 96 como novidade em 1932, o movimento foi ainda mais atualizado pela Patek Philippe e associado em 1937 a uma caixa de platina modernista com claras influências do movimento Bauhaus.

Ref. 96 Quantiéme Lune da Patek Philippe @ Phillips
Anos depois o último Imperador viria a ser amnistiado, mas apenas depois de se tornar um cidadão da Nova China. A nova condição valeu-lhe a nomeação como Comissário de Materiais Culturais e Históricos pelo Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. A 17 de outubro de 1967, aos 61 anos, Puyi é vitima de doença em Pequim. A sua vida seria mais tarde dramatizada na obra-prima cinematográfica de Bernardo Bertolucci, O Último Imperador.

Ref. 96 Quantiéme Lune da Patek Philippe @ Phillips
Segundo a leiloeira Phillips, que agora se prepara para levar a peça leilão, o Patek Philippe oferecido por Puyi a Permyakov é bastante peculiar, conhecendo-se apenas dois exemplares com esta configuração “Roulette” árabe esmaltada. Ambos estes modelos estão associados a caixas em platina, apresentando números de movimentos consecutivos. Uma destas peças faz actualmente parte da coleção do Museu Patek Philippe em Genebra, e o segundo foi vendido em 1996 a um colecionador privado. Mantido no seu estado original o modelo apresenta uma pátina consistente o que, segundo a Philips, faz dele uma cápsula do tempo com importância histórica.

Ref. 96 Quantiéme Lune da Patek Philippe @ Phillips
Para consolidar ainda mais a sua autenticidade, a produção do relógio foi confirmada através de um extrato emitido pelos arquivos da Patek Philippe, que menciona um mostrador prateado, uma zona de ouro rosa e marcadores de horas em esmalte, fabricado a partir de 1929 e posteriormente vendido a 6 de outubro de 1937. Até agora apenas se conheciam o paradeiro de sete referências 96 com esta conjugação de complicações. O presente exemplar surge pela primeira vez no mercado, sendo o oitavo exemplo a aparecer.

Ref. 96 Quantiéme Lune da Patek Philippe @ Phillips
Adicionalmente, e durante a inauguração da nova sede da Phillips na Ásia no Distrito Cultural de West Kowloon em Hong Kong, a Phillips em associação com a Bacs & Russo, anuncia a mostra de vários artefactos que pertenceram a Aisin-Giro Puyi, o último imperador da dinastia Qing. Serão expostos o presente Patek Philippe Reference 96 Quantieme Lune, um leque de papel com inscrições, um caderno manuscrito, pinturas em aguarela e uma edição impressa em couro dos Analectos de Confúcio, oferecendo uma visão rara de um capítulo marcante da história.

Ref. 96 Quantiéme Lune da Patek Philippe @ Phillips
De 1945 a 1950, o imperador deposto foi mantido prisioneiro na URSS. Durante esses cinco anos, um oficial soviético que falava mandarim fluentemente serviu como intérprete e tutor do imperador. Esses artefactos destacam a extraordinária amizade que se desenvolveu entre Puyi e o seu tradutor russo. Os artefactos estarão em exposição de 18 a 31 de março, seguindo-se uma digressão internacional por Nova Iorque, Singapura, Londres, Taipei e Genebra, sendo as peças colocadas à venda posteriormente.
Para mais informações, aceda ao sítio dia Phillips.
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