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Foto do escritorNuno Margalha

Relógios da Colecção Permanente do Museu Calouste Gulbenkian

Atualizado: 4 de ago. de 2022

Rodeada pelo Jardim Gulbenkian, em Lisboa está uma das mais importantes coleções particulares do mundo, reunida em vida pelo Arménio Calouste Sarkis, com 6000 peças expostas num edifício construído propositadamente para a receber. Entre todo o acervo do Museu Calouste Gulbenkian (MCG) encontram-se 7 relógios e um Barómetro/Termómetro que vamos conhecer de seguida.



Regulador


Origem: Coleção Polovtsoff; Coleção Hodgskins. Adquirida por Calouste Gulbenkian na casa Duveen, Paris, abril de 1924. Dimensões: A. 245 cm; L. 63 cm; Prof. 26 cm


© Foto 1 MCG, fotos 2 e 3 IPR


"A caixa deste relógio, executada em estilo roccaille, constitui um exemplar notável, não só pelo belíssimo trabalho de marchetaria com motivos florais, como também pela sumptuosa decoração, em bronze cinzelado e dourado em que se destaca, no remate da peça, uma alegoria compósita, com figuras em vulto perfeito. A parte superior, ou «cabeça» apresenta o mostrador esmaltado, com três ponteiros, indicando horas, minutos e segundos, e encerra o mecanismo do relógio; logo abaixo, uma parte intermédia, permite o movimento da pêndula, observável através de um óculo; na parte inferior descem os pesos que fazem funcional o conjunto.

A este tipo de relógios, de caixa alta e pêndula muito comprida, era dado o nome de regulador, pelo seu alto grau de precisão, que permitia que por eles fossem acertados outros relógios. No exemplar que aqui vemos, a forma, muito contornada, adapta-se perfeitamente às necessidades do mecanismo que encerra." © Museu Calouste Gulbenkian


Relógio de parede Jacques Caffieri, Jacques Lemazurier

  • Origem: Coleção Rodolphe Kann. Adquirida por Calouste Gulbenkian à Casa Duveen, Paris, 6 de maio de 1910.

  • Dimensões: A. 115 cm; L. 63 cm


© Foto 1 MCG, fotos 2 e 3 IPR


"Um mostrador circular, em esmalte compartimentado ricamente decorado, e dois ponteiros igualmente tratados num trabalho minuciosamente rendilhado, são a parte visível da arte do mestre relojoeiro que concebeu e executou a máquina desta notável obra de arte. O enquadramento foi executado por Jacques Caffieri – filho e pai de escultores e bronzistas –, no qual revela todo o seu talento, que o faz rivalizar com Charles Cressent na arte do bronze aplicado à decoração de objetos artísticos.

Tal como este último, o seu estilo reflete ainda, muitas vezes, uma forte componente do estilo Regência, bem visível nesta peça em que a vertente simétrica é dominante, embora o conjunto escultórico do remate traduza já as tendências rocaille que marcaram esta época, patentes em toda a peça, mas sobretudo nas duas figuras de crianças infantis que a encimam, tratadas em vulto perfeito, numa cena cheia de graciosidade e movimento. O relógio de parede, designado na época por cartel d’applique, caracteriza-se, na sua forma, pela reminiscência da peanha que, de início, suportava relógios de mesa quando aplicados em superfícies verticais, e se revela no prolongamento inferior da moldura em remate triangular." © Museu Calouste Gulbenkian




Relógio astronómico - André-Charles Boulle, atrib.


  • Origem: Cardeal Pietro Ottoboni. Adquirida por Calouste Gulbenkian a Duveen, Paris, janeiro de 1922.

  • Dimensões: A. 100 cm; L. 21 cm



© Foto 1 MCG, fotos restantes IPR


"Relógio imponente, não só pelas suas dimensões mas pelo caráter monumental da sua decoração escultórica, uma das características da obra de Boulle. Pensa-se que terá sido uma encomenda do cardeal Pietro Ottoboni, cujas armas e insígnias cardinalícias são visíveis no conjunto escultórico superior, uma representação da Fama. Na base do relógio, composta por quatro pilastras, numa alegoria ao Tempo, podemos observar Cronos, reclinado junto dum pequeno cupido. Este conjunto escultórico está assente sobre um panejamento que apresenta uma cena gravada, em que este Papa, Alexandre VIII, condena as doutrinas jansenistas.

A caixa deste relógio é de madeira, marchetada a ébano e latão sobre fundo de tartaruga, outra das «marcas» da produção Boulle. A qualidade e mestria do trabalho de André Charles Boulle levam-no a ser nomeado por Luís XIV mestre ebanista do rei, e a instalar-se, sob proteção real, nas galerias do Louvre, onde Jacques Thuret, mestre relojoeiro do rei, também trabalhava. É um relógio astronómico, assim designado por possuir um mecanismo de grande precisão, que além de indicar as horas, minutos e segundos, fornece outras informações como a data, as fases da Lua, a posição do Sol e também os signos do zodíaco." © Museu Calouste Gulbenkian



Barómetro-Termómetro

Claude-Siméon Passemant, Charles-Nicolas Dodin


Origem: Castelo de Boughton Hall; Coleção Mortimer L. Schift. Adquirido por Calouste Gulbenkian por intermédio de Hans Stibel, Christie's, Londres, junho de 1938.

Dimensões: A. 100 cm; L. 21 cm


© Foto 1 MCG, fotos restantes IPR


"Os instrumentos de medida e precisão foram peças muito procuradas no século XVIII, fruto dos avanços científicos da época, numa altura em que a confiança nas capacidades intelectuais do homem e o poder da razão adquiriram uma enorme importância. O rei e a corte não foram alheios a esta tendência, utilizando-os para decorar os seus salões e atribuindo-lhes, deste modo, também o estatuto de obra de arte.

Este barómetro-termómetro é da autoria de Claude-Siméon Passemant, um dos maiores inventores e construtores de instrumentos científicos da época. Os dois instrumentos, barómetro e termómetro, estão encastrados numa caixa de bronze cinzelado e dourado, decorado com fitas, flores, frutos, grinaldas e enrolamentos. Desta decoração fazem ainda parte três placas de porcelana, assinadas por Charles-Nicolas Dodin, um importante pintor de figuras da Real Manufatura de Sèvres que executou diversas placas para a decoração de móveis e instrumentos científicos, para além de serviços e vasos.

As três placas apresentam motivos relacionados com a função da peça. A placa superior, oval, tem uma reserva verde com cercaduras douradas e no centro um cupido, sobre uma nuvem, que segura um óculo. Na placa do meio, também com a mesma cercadura, podemos ver um menino num ambiente bucólico a segurar um compasso e uma esfera armilar. Na placa inferior, mais pequena e sem reserva, sobre uma nuvem encontra-se um livro e diversos instrumentos científicos. O livro está aberto numa página onde se lê Connaissance des Temps.

Os mostradores esmaltados dos dois instrumentos contêm informações sobre o estado do tempo." © Museu Calouste Gulbenkian



Outros relógios na colecção


Relógio Cercle Tournant

© foto: IPR | Paris, c. 1760-1770 | Bronze | Inv. 595

Relógio de Mesa

Saint-German, Jean-Joseph de (mestre em 1748) Paris, Século XVIII | Bronze | Inv 2264

Relógio Cercle Tournant

Prieur, Jean-Louis (at. 1765-1783), artib. Paris, c. 1766-1770 | Bronze | Inv. 2242

Relógio de Mesa

Foullet, Antoine (mestre em 1749) Paris, c. 1785. | Bronze



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